terça-feira, 26 de abril de 2011

Coda:coda

JOÃO PEREIRA COUTINHO

Woody Allen, o elegante

--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------



BRASIL, COMO eu te invejo! Leio na Folha que Rio e São Paulo se preparam para receber Woody Allen . Não o próprio, por enquanto. Mas a obra completa do próprio, mais de 40 longas, na retrospectiva "A Elegância de Woody Allen", no CCBB.
Sou suspeito. Escrevi texto para o catálogo, onde procuro traçar, brevemente, o pensamento filosófico de Woody Allen. Alguns acadêmicos fazem má cara com a pretensão e chutam Woody para as margens da filosofia "respeitável".
Perdoo-lhes, porque eles não sabem o que fazem: a filosofia não é coutada exclusiva de universidades e teses de doutorado. É possível pensar em imagens e com imagens.
E, no caso de Woody Allen, pensar os mesmos temas, oferecendo recorrentemente as mesmas respostas. Que são, confissão pessoal, os meus temas. E as minhas respostas.
O tema é clássico: qual o sentido da vida quando a morte e o esquecimento são certos? Não sei quando foi que a inquietação se instalou na minha cabeça pela primeira vez: teria uns dez anos quando a extinção se tornou clara e inevitável. E, com a certeza, o sentimento de frustração que vem e cobre tudo o que fazemos, sentimos, pensamos.
Eis o dilema que Shelley apresenta no seu poema "Ozymandias", a descrição de um viajante que se depara com a estátua do antigo faraó; e, na base da estátua, a inscrição plena de vaidade humana: "O meu nome é Ozymandias, rei dos reis:/ Contemplem as minhas obras, ó poderosos, e desesperai!".
Palavras ridículas e vãs. Milênios depois, quem desespera com as obras esquecidas do esquecido rei dos reis? Somos pouco. Somos nada.
Ozymandias aparece e reaparece, sob várias roupagens, nos filmes e nos personagens de Woody Allen. Umas vezes, de forma explícita: em "Memórias", o psicanalista explica que o seu paciente, interpretado por Woody Allen "lui même", sofria de "Melancolia de Ozymandias", uma incapacidade de apreciar a vida pela certeza da extinção final. Outras vezes, Ozymandias surge de forma pícara: será possível esquecer Mickey, o hipocondríaco de "Hannah e Suas Irmãs", que é salvo do torpor suicidário por um filme dos irmãos Marx?
O momento é epifânico. Não apenas em "Hannah...", mas na obra de Allen: num universo sem sentido e marcado pela radical ausência de Deus, restam aos homens banalidades mortais. "Banalidades", no sentido próprio do termo: as banalidades salvíficas que o personagem Isaac, em "Manhattan", debita para um gravador; os filmes dos irmãos Marx, é claro; mas também o talento desportivo de Willie Mays; uma sinfonia de Mozart; os filmes de Bergman; os romances de Flaubert; o rosto da mulher que amamos.
É pouco? Kierkegaard diria que sim: o "estádio estético" não garante o nível de realização humana que só o "salto" da fé religiosa permite.
Curiosamente, e nos últimos anos, Woody Allen tem refletido sobre essa hipótese: sobre os limites do estético. Ou, em alternativa, sobre a imperiosa necessidade de fundamentação ética. E não é por acaso que três dos últimos filmes ("Crimes e Pecados", "Match Point" e "O Sonho de Cassandra") partem da mesma pergunta arcana: num mundo sem Deus, tudo é permitido? Os três filmes, que a ignorância do tempo interpreta como repetições sem grande originalidade, devem ser vistos em conjunto. Porque eles vão adensando e amadurecendo uma resposta. Gradualmente.
Em "Crimes...", o personagem de Martin Landau mata e liberta-se da culpa com gélida indiferença.
Em "Match Point", sabemos que a sorte iliba o criminoso de uma condenação formal, mas não da condenação última intransponível e inegociável: a condenação da sua própria consciência, que será eternamente assombrada pelo cadáver da amante (Scarlett Johansson).
Finalmente, em "O Sonho de Cassandra", não há salvação possível: como no melhor da tradição rabínica, atos nefandos trazem apenas consequências nefandas.
Isso significa que Woody Allen, no final da vida, se reconcilia com a religião da sua infância? Não direi tanto. Evoluindo do "estádio estético" mas recusando o "estádio religioso", a posição de Woody Allen é uma posição secular, humanista e, ainda nas categorias de Kierkegaard, intermédia. Uma posição fortemente ética, que dispensa Deus mas nunca a consciência dos homens. Para um pessimista crônico, melhor é impossível.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um grande texto grande do maior jornalista brasileiro vivo:Janio de Freitas


  • Não foi o revólver que atirou em Realengo. Não foram os dedos que o acionaram. Foi a cabeça do atirador. Nessas violências, antes de tudo está a cabeça. E por que ela agiu, no caso e nos demais de desatino semelhante? Por desconhecimento e inércia -o que não quer dizer culpa- de segundos e terceiros mais próximos, ou menos distantes, do rapaz arredio.As poucas e breves narrativas que o retratam, na visão de parentes, expõem com toda a clareza um longo caso de transtorno mental necessitado de tratamento. As narrativas demonstram, na mesma medida, que não faltou a percepção desse estado por quem ouvia ou observava o rapaz: o fascínio pelo ataque às torres em Nova York, o desejo de destruir o Cristo Redentor, a reclusão voluntária, a alteração da própria figura -tudo muito indicativo e bem percebido.Apesar disso, não houve iniciativa alguma. Apenas estranheza. Não há por que imaginar descaso, muito menos de todos. A falta, tudo indica, foi de conhecimento do que fazer. De conhecimento da existência de serviços capazes do auxílio, até em um simples posto de saúde apto a dar orientação sobre o serviço a procurar. Sim, tais serviços são pouco numerosos; faltam-lhes mais verbas, mais pessoal, mais instalações. Existem, no entanto. E devem ser procurados para casos como o do rapaz de Realengo. Tão numerosos.A providência que falta é a informação ao grande público sobre o que está ao seu alcance, quando estranhezas excessivas e injustificáveis impressionem. Não porque a persistência das condutas leve a desfechos horríveis. Mas o sofrimento do próprio transtornado já é bastante para uma iniciativa solidária.Providência governamental já atrasada é uma campanha insistente de esclarecimento do grande público, sobre o que deve fazer diante de casos como o do rapaz de Realengo antes da explosão de seu distúrbio. Isso, sim, é uma das prevenções necessárias -para pacientes e para a sociedade.Do contrário, nos casos que vão aos extremos, quando não forem revólveres, serão facas, serão barras de ferro, serão as mãos. E, nos outros casos, será o sofrimento reparável de tanta gente, dos pacientes às famílias e aos próximos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

As Palavras do Juca Kfouri e o meu silencio

Ontem o Brasil sofreu uma das maiores derrotas de sua história de mais de 500 anos. Que Maracanazo, que Sarriá, que nada! Realengo é o nome da tragédia, tragédia de verdade. O Brasil perdeu 12 crianças estupidamente. Quem sabe se perdeu um Pelé, uma Maria Esther Bueno, uma Hortência. Ou uma outra Elis Regina, uma Dilma Rousseff. Sabemos que perdemos uma Ana Carolina Pacheco da Silva, uma Bianca Rocha Tavares, uma Géssica Guedes Pereira, Karine Lorraine Chagas de Oliveira, uma Larissa dos Santos Atanázio, outra Laryssa, esta Silva Martins, uma Luiza Paula da Silveira, uma Mariana Rocha de Souza, uma Milena dos Santos Nascimento, uma SamiraPires Ribeiro, um Rafael Pereira da Silva e mais um menino cujo nome ainda não foi revelado. Todos entre 12 e 15 anos. Doze famílias choram hoje neste manhã que não tem bom dia a perda de seus filhos, de seus netos, de seus irmãos. Dez garotinhas e dois garotinhos. Uma desgraça que não permite falar de mais nada.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Bolsonaro,a "maluca"

Fernando de Barros e Silva:"O deputado Jair Bolsonaro é um tipo fascistão. Truculento, homofóbico, lida mal com as diferenças e os valores democráticos. Os gays, em particular, parecem deixá-lo "maluca" de raiva.Sabe-se que indivíduos muito hostis ou agressivos, que se sentem ameaçados pela existência de hossexuais, costumam ser enrustidos. O ódio projetado no outro é apenas um sintoma, uma defesa contra si mesmo. Mas quem seria eu para suspeitar que existe uma "Jairzona" enjaulada na alma do capitão? O ser humano é complexo."***********Reinaldo Azevedo:"Não trato sem certa graça algumas mentes apocalípticas, certas de que alguém pode “decidir” ser gay e que, no caso, o ambiente tem um peso definitivo nessa “escolha”. Pergunta: eles próprios, então, não são gays porque escolheram não ser, mas poderiam, pressionados pelo meio, mudar de orientação, é isso? Tanta gritaria poderia ser interpretada como medo de cair em tentação? Assim, quanto mais distantes ficassem os “degenerados”, mais protegidos se sentiriam? Entendo que um homossexual não se tonará hétero entre héteros — e também não me parece que possa acontecer o contrário. Qual é a tese? Todo mundo teria em si um gay reprimido pelas leis e pelos costumes, à espera de uma boa oportunidade? O próprio Bolsonaro, então, não é um deles porque, segundo a sua teoria, seu pai foi devidamente severo, mantendo-o longe de ambientes “promíscuos”? Numa outra circunstância, com uma família mais relaxada, o mundo teria assistido ao desabrochar de uma Madame Satã de olhos azuis? Cuidado, deputado! Nem o senhor está livre da lógica. Se o meio faz o gay, então há um gay enrustido em cada indivíduo à espera do meio. Nem o gayzismo mais sectário defenderia tese tão delirante."

sábado, 2 de abril de 2011

Política

Do blog Melhores do mundo:"É isso aí. Pela centésima vez, o Magneto vai se juntar aos X-men.

F...-se se ele arrancou o adamantium do Wolverine, se ele destruiu Nova Iorque inteira na fase do Morrison, se ele matou alguns de seus Acólitos a sangue frio, se ele quase matou a Kitty, se ele já foi parte do Clube do Inferno, se e;e matou a Jean grey...

Cara, esses X-men são piores que os Brasileiros e seus políticos!"