sábado, 10 de julho de 2010

Marilia Ruiz- Elegance

A Espanha que chegou à Copa favorita não tem nada a ver com aquela conhecida como “Fúria” em anos anteriores.
Trocasse a camisa e poderíamos reconhecer no time de Del Bosque um Brasil de anos atrás, um time que privilegia o talento em detrimento da tática e da força, um time que tenta ganhar, que chuta a gol, que sofre e assusta-se com os contra-ataques rivais, mas que assusta e ataca muito mais.
A Fúria desapontou muitas vez es por ter interrompida repetidas vezes sua volúpia de futebol voluntarioso, por fazer sublimar seu “furor”, por virar pó frente a times mais tradicionais: por amarelar, como se convencionou chamar esse tipo de comportamento em campo. Ainda que não se possa falar que essa Espanha de 2010 seja irresistível, imbatível ou coisa que valha, é possível dizer que se trata de um time sedutor. E a partida que selou a classificação da Espanha à inédita final foi o resumo fiel disso.
A Espanha 2010 toca a bola com paciência. Não tem pressa. E envolve. Com um "q" de Barcelona, a Espanha, com consistente defesa, meio criativo e ataque perigoso, é o time mais “elegante” desta Copa. E mesmo assim assusta. Tão “não” Fúria... Tão espanhol!

Guerrilha contra Guerreiros II(by Reinaldo Azevedo)

O diário espanhol Marca divulgou ontem um vídeo em que ninguém menos do que a rainha Sofía, da Espanha, “invade” o vestiário da seleção de seu país — e basta olhar o estado em que se encontrava aquilo para perceber que a cena não foi armada, não com muita antecedência ao menos — para parabenizar os jogadores depois da vitória contra a Alemanha. Dunga diria que a rainha foi lá para “ver homem pelado”.
Certamente não foi para isso, mas quase. Puyol, o herói da partida, um tanto constrangido, cumprimenta a rainha de toalha na cintura. Publico acima o vídeo que já está no Youtube. No Marca, vocês encontram a versão sem corte, com a rainha tropeçando nos meiões largados pelo caminho.
É claro que o contraste entre a figura sóbria da rainha e o ambiente um tanto insalubre do vestiário ajuda a fazer a graça da cena. Mas o que há de bacana no conjunto é uma certa nonchalance — dela e deles —, que em nada lembra o clima de guerra que os idiotas brasileiros resolveram imprimir à disputa.
Não tem essa de reino de chuteiras, não! A rainha, diga-se, encontra o reino sem chuteira, sem camisa, sem meias e até sem calção! Dunga e Jorginho — eleitos pela vontade magnânima do rei Ricardo Teixeira, um ditador um pouco menos longevo do que Fidel Castro — a colocariam para fora aos pontapés. Para não atrapalhar a concentração dos seus guerreiros…
A elegância não depende de educação formal, classe social ou ambiente. A elegância é um conjunto harmonioso de delicadezas que não tem precondições.(por Reinaldo Azevedo)