domingo, 29 de agosto de 2010

coda

De João Pereira Coutinho:"Basta consultar qualquer jornal, site ou blog para reconhecer o ritmo, a voz, os tiques de Francis. Ele foi uma espécie de blogueiro "avant la lettre", pela profusão de temas e pelo tratamento conciso e obsessivo das loucuras do mundo". De Millor: "Ser gênio não é difícil. Difícil é encontrar quem reconheça isso." http://www2.uol.com.br/millor/aberto/mapa/index.htm
http://www.msf.org.br/

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

19 de Agosto-Dia Internacional da Ajuda Humanitária

Hoje é a primeira vez que o mundo comemora o Dia Internacional da Ajuda Humanitária. A data, escolhida pela ONU no ano passado, marca o dia do ataque a um hotel de Bagdá que em 2003 causou a morte de 22 integrantes da ONU, incluindo o então Chefe da Missão das Nações Unidas no Iraque, Sérgio Vieira de Mello. Nós de Médicos Sem Fronteiras aproveitamos o Dia Internacional da Ajuda Humanitária para reforçar nosso comprometimento de levar assistência neutra e independente para aqueles que mais precisam, onde quer que seja, sem discriminição de raça, genero, crença ou orientação política.

Neste momento, temos cerca de 22 mil profissionais humanitários em mais de 400 missões pelo mundo. Desse total, aproximadamente 60 são brasileiros. Só no primeiro semestre, o Brasil enviou cerca de 59 pessoas, entre médicos, enfermeiros, economistas, farmacêuticos. Eles foram para lugares como Serra Leoa, Haiti, Quênia, Congo e Paquistão. O recrutamento de profissionais é uma das principais atividades do escritório de Médicos Sem Fronteiras no Brasil.

"Percebemos que o papel do Brasil em relação à ajuda humanitária internacional está aumentando com o passar dos anos. É cada vez maior o número de profissionais brasileiros dispostos a trabalhar em crises humanitárias ao redor do mundo", diz o diretor executivo do MSF Brasil, Tyler Fainstat. "A quantidade de pessoas que querem ajudar fazendo doações também vem crescendo nos últimos anos. Ficamos felizes de podermos ser a ponte entre aqueles que querem ajudar e aqueles que precisam de ajuda", completa.

Em casos de catástrofes no Brasil MSF também entre em ação. Neste momento, por exemplo, temos uma equipe em Alagoas atendendo as vítimas da enchente que em junho destruiu várias cidades do Estado.

Ao longo de dois meses, 15 profissionais foram enviados a Alagoas. A maioria, psicólogos, já que o nosso diagnóstico apontou um grande número de problemas mentais, o que é muito comum em situações como essas, em que as pessoas perdem suas casas, documentos e até familiares.

Tão importante quanto os 500 atendimentos feitos até agora em Alagoas é o trabalho de treinamento de profissionais locais que poderão dar continuidade ao trabalho de Médicos Sem Fronteiras. Afinal, a ajuda humanitária só é possível com a participação de uma grande rede de mobilização formada pelo poder público, por voluntários, pelos nossos colaboradores e até por você que lê e divulga as informações de Médicos Sem Fronteiras. A todos, nosso muito obrigado.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O outro me nega e me afirma ao me negar.

De Reinaldo Azevedo:"Não me lembro, desde que leio jornal — e já faz tempo porque comecei a militar com 14 anos — de uma imprensa, com as exceções de praxe, como a que leio agora. Em 1975, ainda sob forte censura, já dava para perceber uma dissonância ou outra, que se acentuou durante o processo de abertura. Vieram as eleições de 1982, as Diretas-Já, Sarney, as diretas propriamente, Collor, Itamar, FHC… E o jornalismo foi-se tornando cada vez mais crítico. Agora à distância, já dá para caracterizar algumas coisas: muitas das divergências eram, a partir de um certo momento, ação partidária. Só que “O Partido” chegou ao poder — e o que era contestação transformou-se em mera justificação do presente. Ocorre que “O Partido” tem valores. Serão valores democráticos? Já volto aqui.

Antes que o processo sucessório fosse deflagrado, definiu-se em amplos setores da imprensa e em alguns aparelhos que até chegam a se confundir com institutos de pesquisa que a sucessão, no Brasil, se daria segundo a vontade de Lula. A equação considerada fatal era esta: presidente muito popular faz seu sucessor, pouco importando se algumas democracias do mundo já demonstraram, na prática, que pode não ser assim. Basta que se recue no tempo — a Internet pode servir para derreter memórias, mas também pode servir para reavivá-las — e se verá: mesmo quando Serra vencia a disputa no primeiro turno, asseverava-se: “Vai mudar”. E se estabeleceu uma doxa: Lula elege quem ele bem quiser. E o noticiário passou a perseguir esse futuro. Em muitos casos, esforçou-se para construí-lo. Era o caso de perguntar: “Eleições para quê? O fututo está selado!” Leiam a Folha de S. Paulo hoje: “Eleições para quê? O futuro está selado!”

Dilma, hoje, está na frente. Os analistas diriam, então, satisfeitos: “Viram como estávamos certos?” Porque, no passado, asseverava-se que tudo iria mudar, praticamente não havia notícia positiva para o tucano. Porque acabaram mudando, continua a não haver notícia positiva para o tucano, claro!, pouco importa o que ele faça e o que aconteça. É o que se viu no debate Folha/UOL: a superioridade de Serra no encontro ficou patente, embora Dilma Rousseff não tenha sido um deastre. Mas não! Isso jamais se dirá. Ao contrário: a candidata petista está despertando em certos círculos uma perversão intelectual inédita (vejam qual é no post abaixo deste). Desempenho de Serra? A Folha decretou a morte da candidatura tucana na edição desta quinta. Basta ler. Como se estabeleceu que ele vai perder, então não faz nada de certo ainda que faça, e os erros dela acabam se revelando… acertos.

Os valores
O debate político na imprensa encontra-se em estado terminal — e as exceções só evidenciam essa agonia. Entre a militância partidária, a submissão à patrulha e a mais assustadora ignorância — há gente cobrindo política que jamais leu um maldito livro a respeito; e, bem, ela também é uma ciência e congrega um saber —, sobra espaço para a torcida e para uma variante de assédio moral, que o PT exercita com rara competência.

O que importa que Lula se coloque como o “dono” do povo, doando-o, por vontade soberana — como o jingle e a propaganda deixam claro — à sua candidata? Que importa que esse tipo de pensamento tenha história, tenha uma filiação ideológica, tenha, em suma, passado? Que importa que isso seja, em si, a negação de princípios básicos da democracia? Nada importa! No fundo, boa parte vê o confronto eleitoral como a luta entre “progressistas” e “reacionários”, ainda que notáveis e notórios reacionários sejam hoje garotos-propaganda daquele tipo de progressismo.

Encerro
Não vejo nada disso com olhos apocalípticos ou dou, sei lá, a causa por perdida. Não tenho causa nenhuma! Faço a crítica porque acho que meus leitores têm direito a esse debate e porque quero que esse registro fique como documento de um tempo.

E houve um tempo em que um candidato de oposição contestar uma candidata do governo foi considerado “agressividade”. Houve um tempo em que “o pai do povo” anunciou que passaria o bastão para a “mãe do povo”, e a quase totalidade do jornalismo político fez um silêncio cúmplice, rompendo-o apenas para atacar o candidato da oposição. Não que ele não possa ser atacado. Claro que pode!

Mas quais são os valores que pautam, num caso, o ataque e, no outro, o silêncio? Entre petistas, ignorantes e covardes, os covardes são o pior tipo, como sempre. Afinal, os petistas sempre sabem o que fazem; os ignorantes nunca sabem o que fazem; e os covardes fingem não saber, fazendo".


terça-feira, 17 de agosto de 2010