Tostão
Não precisam de você
Já posso me aposentar. Nessa semana, completei 65 anos. Por isso, procuraram-me para falar de minhas carreiras e de minha vida. Gosto de falar de futebol. Não sou mais protagonista. Sou comentarista, palpiteiro oficial.
Fiz coisas certas e erradas. Só os medíocres passam pela vida sem cometer erros, sem criar fantasmas e sem ter a consciência de que poderiam ter feito melhor e, às vezes, diferente.
Nunca quis parecer mais humilde do que a humildade, mais sábio do que a sabedoria nem mais generoso do que a generosidade. Tento apenas ser um bom cidadão. É minha obrigação. Nada mais do que isso.
Tive várias profissões. Fui atleta profissional, médico clínico, professor de medicina, comentarista de televisão e de rádio e, agora, sou colunista, além de filósofo de botequim. Quase me tornei psicanalista. Completei o curso teórico, mas desisti. Não me sentia capaz de desvendar os segredos e mistérios da alma, já que não entendia nem entendo a minha.
Hoje, incomoda-me menos a finitude da vida. Compreendo e aceito mais a fragilidade e a insignificância humanas. "As coisas não precisam de você", diz a bela música "Virgem", escrita por Antônio Cícero e Marina Lima, cantada pela Marina.
Fico contente e orgulhoso de ser reconhecido pelo jogador que fui. Isso é uma coisa. Outra é viver do passado. Não gosto de usufruir, no presente, de conquistas do passado nem que apreciem ou não meus textos influenciados por outras épocas. Como se vê, tenho algumas manias.
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